PETIT TALKS COM ARTISTA PLÁSTICO E DESIGNER MARCOS MELO

Bem-vindos a mais uma edição do Petit Talks, nosso espaço dedicado a explorar o universo criativo de artistas que nos inspiram.Bem-vindos a mais uma edição do Petit Talks, nosso espaço dedicado a explorar o universo criativo de artistas que nos inspiram.

Hoje, conversamos com um artista cuja trajetória prova que a arte não é apenas uma profissão, mas um destino inevitável. Para ele, a arte é “escola, paixão, religião e remédio”. É onde ele, enfim, se sente completo.

Com uma base sólida em Design de Produto e após 17 anos dedicados ao artesanato, sua carreira sofreu uma reviravolta com a pandemia, levando-o a trabalhar como motorista de aplicativo. Longe de ser um desvio, esse período se tornou um capítulo crucial de observação, onde as milhares de histórias de passageiros e a visão de um simples muro de pedras plantaram a semente para sua expressão artística atual.

Em seu ateliê, um autodeclarado “misto de paraíso e hospício”, ele transforma uma gama eclética de materiais — de pedras graníticas a fibras de coqueiro — em obras que são um “espelho que reflete a sua essência”. Suas inspirações nascem no silêncio da noite, e a maior recompensa é o “orgasmo mental” de ver a inspiração materializada.

Nesta entrevista franca e profunda, mergulhamos em seu processo criativo, suas referências (de Calder a Munch) e a jornada singular que o levou a encontrar sua voz na arte plástica.

De onde vêm suas ideias?

Surgem das histórias da minha vida como o painel “Ausência”, da minha visão do mundo como no painel “Face do mundo em colapso, d’algum assunto que toca minha alma e me faça refletir sobre ele como o “Veias da terra”, ou até mesmo no reconhecimento da mulher como símbolo máximo para a existência humana no nosso planeta com o painel “Origene per la vita”. Por fim, minhas inspirações surgem dos mais diversos assuntos e  na maioria das vezes, quando estou com minha cabeça e minh’alma repousando na cama à noite, com um papel e um lápis ao lado dela.

Qual é a sua cor ou material favorito para trabalhar e por quê?

Apesar de utilizar basicamente madeiras diversas e cores terrosas, eu não me atenho a utilizar “um material favorito”, eu sou, essencialmente, um artista curioso, por isso faço uso das mais diversas matérias primas como pedras graníticas, resinas, fibras do coqueiro, endocarpo do coco, madeiras diversas, vidro, areia, tecido, etc…  além de utilizar em alguns momentos e de acordo com a necessidade, os resíduos gerados pela fabricação das minhas obras.

Se você não fosse artista, qual profissão teria ou qual sua outra profissão além de artista?

Sou bacharel em design de produto pela Universidade Federal de Pernambuco.

Quem são seus maiores ídolos na arte ou referência artística?

A minha trajetória nas artes teve início com um artesanato baseado na minha experiência didática como designer, desenvolvendo peças utilitárias e decorativas, por isso, não me baseei em trabalhos e estilo de qualquer artista, mas com o passar do tempo, comecei a admirar alguns trabalhos como os de Alexander Calder, Lee Bontecou e Edvard Munch.

Qual foi a primeira obra que você vendeu?

O painel “Caminhos”.

O que você ouve de música enquanto trabalha?

Gosto muito de ser levado por músicas clássicas de Mozart, Beethoven, Bach, Chopin entre outros, e várias músicas populares nacionais das décadas de 60 à 80.

Você prefere criar durante o dia ou à noite?

Nesse aspecto, consigo ser mais produtivo à noite, por isso que sempre durmo tarde…

Qual a parte mais difícil de ser um artista?

Administrar, divulgar, vender…

E qual a parte mais gratificante?

Quando vejo minha inspiração se materializando aos poucos, até vê-la finalizada, nesse infinito momento, surge um orgasmo mental!

Se você pudesse definir sua arte, como a definiria?

Um espelho que reflete a minha essência.

 

Qual é a sua obra favorita entre todas que já criou?

Se houvesse uma favorita, eu estaria me negando pois, cada uma faz parte do meu eu e todas elas juntas, formam quem eu sou! Amo incondicionalmente, TODAS elas.

O que você gosta de fazer quando não está criando?

Quando não estou criando e produzindo minhas peças, estou cuidando da casa e do meu “filho” de 94 anos, meu pai.

Onde você se vê daqui a 10 anos?

Não me preocupo com isso, sou um Cristão fervoroso, e onde e como eu estiver, estarei bem pois vivo o “aqui e agora” em toda sua plenitude!

Você sempre soube que seria artista ou foi algo que aconteceu naturalmente?

Comecei a trilhar esse caminho meio que sem esperar. Após 17 anos seguidos (de 2003 a 2019) participando com artesanato na Fenearte (feira nacional e internacional de artesanato) com peças decorativas e utilitárias, veio a pandemia e fui obrigado a procurar um outro meio de sobrevivência, foi quando iniciei a trabalhar com os aplicativos uber e 99. Durante esse período, absorvi milhares de experiências vividas pelos meus passageiros e, para a maioria, durante as conversas, eu falava do meu trabalho anterior e mostrava fotos deles, causando espanto e muitos elogios. Já próximo ao final desse período, em uma viagem pela Uber, passei por uma casa que tinha o muros construído de pedras cortadas de forma semelhante aos módulos que compõem meus trabalhos atuais e fiquei com a imagem desse muro gravada em minha memória.  Apesar de ter sido um rico período de experiências, eu sentia falta de fazer o que mais gostava, criar. Fui parando aos poucos e intercalando o trabalho de motorista com o desenvolvimento este novo trabalho utilizando a imagem daquele muro, até que, após a 2ª peça finalizada, um colega de trabalho me ofereceu um espaço no stand dele na fenearte de 2022, e já na primeira semana da feira os 2 painéis foram vendidos, porém, como peças decorativas pois eu não havia assinado nenhuma das 2. Como esse meu colega disse que as minhas peças foram os trabalhos mais elogiados no stand dele, resolvi começar a trilhar esse caminho da arte plástica, e assim, surgiu o meu primeiro trabalho como artista plástico, o painel “Caminhos”, adquirido por um casal, em 2023.

Como é o seu ateliê ou espaço de trabalho e como é estar nele no momento da criação?

Bem… é um misto de paraíso e hospício…Um paraíso porque nele consigo sentir meu “eu” interior em toda minha plenitude, e um hospício porque, vez em quando, durante a produção dos painéis, preciso de alguma ferramenta e não me lembro onde coloquei, ou seja, é um paraíso de cabeça pra baixo! Tenho fé que um dia vou conseguir organizar meu ateliê da forma como eu gostaria…

Para você, o que é arte?

É escola, onde aprendo e ensino sobre a vida, é paixão, onde demonstro e sinto todo meu amor pelo que faço, é religião, porque a sigo tal qual a minha fé, é remédio, porque nela consigo curar as dores da minh’alma, é tudo, porque na arte plástica, eu me sinto completo!

Que papo incrível tivemos com Marcos Melo! Se você curtiu tanto quanto nós da PETIT, espalhe a novidade, compartilhe e deixe o seu like! Compre e decore com Marcos Melo: https://www.instagram.com/mmelo4d